Paralisia Cerebral ou ENCEFALOPATIA CRÔNICA NÃO PROGRESSIVA DA PRIMEIRA INFÂNCIA

        O termo PARALISIA CEREBRAL, na verdade não é o mais adequado, tendo em vista que significa ausência total das atividades físicas e mentais, o que não ocorre neste caso. Atualmente utilizamos o termo Encefalopatia Crônica não progressiva.

            Leitão (1971) sugere a seguinte conceituação: Enfermidade caracterizada por um conjunto de perturbações motoras e sensoriais, resultantes de um defeito ou uma lesão do tecido nervoso contido dentro da caixa craniana que pode ocorrer antes, durante ou após o parto,

até os 3 ou 4 anos de idade.

            A REDE SARAH DE HOSPITAIS DE REABILITAÇÃO define como paralisia cerebral (PC) ou ENCEFALOPATIA CRÔNICA NÃO PROGRESSIVA qualquer desordem caracterizada por alteração do movimento secundária a uma lesão não progressiva do cérebro em desenvolvimento.

          O cérebro é o responsável pelo comando das funções do corpo, como vimos neste site, na página sobre neurologia, desta forma cada área do cérebro é responsável por uma determinada função, como os movimentos dos braços e das pernas, a visão, a audição e a inteligência. Uma criança com encefalopatia crônica não progressiva pode apresentar alterações que variam desde leve incoordenacão dos movimentos ou uma maneira diferente para andar até inabilidade para segurar um objeto, falar ou deglutir.

          O desenvolvimento do cérebro tem início logo após a concepção e continua após o nascimento, qualquer fator agressivo ao cerebro, seja antes, durante ou após o parto, prejudicará a função da area cerebral lesada, algumas alterações poderão ser permanentes caracterizando uma lesão não progressiva.

 

ALGUNS FATORES QUE PODEM CAUSAR PARALISIA CEREBRAL

  • FATORES PRÉ-NATAIS:      Eclâmpsia, Infecções da gestante (Rubéola, Toxoplasmose, etc), Transtornos Tóxicos, entre outros.
  • FATORES PERI-NATAIS:  Anóxia, Prematuros baixo peso, Circular de cordão umbilical, entre outros.
  • FATORES PÓS-NATAIS:  Traumatismo crânio-encefálico, Meningo-encefalite, Processos vasculares, entre outros.

A Paralisia Cerebral (ou Encefalopatia Crônica não Progressiva)pode ser classificada de acordo com o tipo clínico e de acordo com a distribuição das sequelas no corpo.

A classificação por tipo clínico tenta especificar o tipo de alteração de movimento que a criança apresenta:

ESPÁSTICO: É o tipo mais comum de Encefalopatia Crônica não Progressiva, estando a sua incidência em torno de 75%.

Nestes casos observamos resistência ao alongarmos os músculos, a musculatura fica tensa, contraída, o que denominamos

espasticidade.Como a espasticidade predomina em alguns grupos musculares e não em outros, o aparecimento de deformidades

articulares neste grupo de pacientes é comum. O aparecimento de estrabismos também é comum nestas crianças devido a

espasticidade dos músculos oculares. A criança com paralisia cerebral do tipo espástico em geral apresenta os membros inferiores

cruzados , como uma tesoura, os pés ficam na ponta dos pés e os membros superiores podem estar com os dedos fletidos e o polegar

entro da palma.

EXTRAPIRAMIDAL : É o segundo tipo mais observado de Encefalopatia Crônica não Progressiva, a lesão situa-se em uma área do cérebro que controla os movimentos indesejáveis. É freqüente que a lesão seja motivada por Kernicterus, que é a lesão cerebral provocada pela icterícia prolongada devido a incompatibilidade sangüínea ( fator RH).

Esta lesão resulta no aparecimento de movimentos involuntários, que a criança não consegue controlar, alheio a sua vontade, de acordo com o tipo destes movimentos existe uma classificação :

Atetoide : os movimentos involuntários que a criança apresenta são lentos, presentes nas extremidades mãos e pés, contínuos e serpenteantes, dificultando os movimentos que a criança quer executar.

Coreico : os movimentos são rápidos, amplos, presentes nas raízes dos membros, como ombro e quadril. Como são rápidos e amplos podem desequilibrar a criança e impedí-la de adquirir algumas posturas.

ATÁXICO : É um tipo raro de Paralisia Cerebral, trata-se da incoordenacão dos movimentos devido a uma lesão no cerebelo, parte do cérebro que coordena os movimentos. Estas crianças em geral andam com a pernas muito abertas para aumentar a base de sustentação e facilitar o equilíbrio e existe incoordenacão dos seus movimentos manuais.

 

Levando-se em consideração os membros comprometidos, podemos classificar como: 

  • Paraplegia : comprometimento dos membros inferiores; 
  • Triplegia: comprometimento de três membros; 
  • Quadriplegia: comprometimento de quatro membros; 
  • Hemiplegia: afetados dois membros do mesmo lado; 
  • Monoplegia: um membro comprometido.

O cognitivo da criança é afetado de acordo com o local e a extensão da lesão encefálica. Por tanto, nem toda pessoa com Encefalopatia Crônica não Progressiva apresentará deficiência intelectual.

 

O papel da Fisioterapia nos quadros neurológicos infantis é facilitar a aquisição do desenvolvimento motor diminuindo ao máximo possível a interferência de reflexos, contraturas e deformidades.Trabalhamos com o intuito de promover o máximo de independência possível. Quanto antes o trabalho de Fisioterapia for iniciado, os resultados serão mais favoráveis, devido a plasticidade neural ser mais eficiente durante os primeiros anos de vida.

 

É MUITO IMPORTANTE NÃO SUBESTIMAR AS CAPACIDADES DA CRIANÇA COM ENCEFALOPATIA CRÔNICA NÃO PROGRESSIVA, TALVEZ ELA TENHA DIFICULDADE NA PALAVRA FALADA, DIFICULDADE VISUAL E AUDITIVA, ALÉM DO COMPROMETIMENTO MOTOR, MAS ISSO NÃO SIGNIFICA QUE ELA NÃO É CAPAZ DE APRENDER, TODAS AS PESSOAS TEM POSSIBILIDADES DE APRENDIZADO.

MUITAS VEZES PESSOAS COM PARALISIA CEREBRAL (termo mais conhecido) PODE IR MUITO ALÉM DO QUE IMAGINAMOS SER POSSÍVEL...POR ISSO, NÃO SUBESTIME!!!